quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Primeira Parte.


Manhã de Junho, dia por definir. Sete horas e quarenta e cinco minutos. Céu limpo. Previsão de sol quente e de que este viesse sem o vento que nos últimos dias se tinha deixado passear pela cidade e que havia feito uma infinidade de papéis fugir das mãos de uma jovem rapariga e aterrar estrategicamente aos pés de um jovem rapaz, obrigando-os a curvar-se em momento também ele estratégico e fazendo-os levantar o rosto no momento exacto em que os seus olhos se encontrassem. Vento que tinha também feito voar para longe o balão de pequena criança, que não tanto pela perda do objecto em si, mas mais pela infelicidade que lhe causava não poder ostentá-lo num fio preso ao seu pequeno braço, ficara de orgulho ferido, fingimento de coração partido e lágrimas entregues à necessidade de nova compra. Vento esse que tinha também feito rodopiar o pião de certo menino maior número de vezes do que aquelas que teria rodopiado em dia sem corrente ventosa, ou caso o tivesse feito girar no sentido contrário. Vento, portanto, umas vezes bem-vindo, outras convidado indesejado. Lisboa. Capital histórica; conhecida e com tanto ainda por descobrir.


Se lhe perguntassem o que fazia em plena Baixa Pombalina àquela hora, não saberia responder. Acordara pouco depois das seis horas de uma não ainda manhã. Fazia a lua as malas, via-se chegar o sol depois de um caminho que afinal fora percorrido pela Terra. Deixara-se ficar um pouco embrulhada no lençol e em pensamentos não concretos, vagos. Levantara-se, subira os estores e espreguiçara-se dengosamente sorrindo para ninguém; para a sua consciência que acabara de despertar. Abriu a janela para receber de fora uma brisa que não encontrou. Nada se mexia. Ruído leve de carros ao longe. Histórias que uma qualquer mão, incerta ou acertada, já começara a escrever, naquele dia.

Continua...

(Sem título ainda.)

Sem comentários:

Enviar um comentário